O ovo ou a galinha?

Na verdade, não importa o que veio primeiro. Pra nós, pessoas comuns, só existe aquele bichinho curioso, que cisca, cria laços familiares e hierarquias, constrói ninhos, bota ovos e cuida de suas crias.

Para os avicultores, a história é diferente. Existem duas maneiras de fazer dinheiro usando a galinha e isso a transformou em duas, ou pra eles, dois tipos: a galinha poedeira e a galinha para produção de carne, que muita gente simplesmente chama de frango.

O ovo.

Dezenas de milhões de galinhas poedeiras no Brasil (e bilhões em todo o mundo) são vítimas da avicultura industrial e vivem numa área do tamanho de uma capa de disco de vinil. Tentando sobreviver em cima de uma superfície de fios de metal que deformam seus pés, em gaiolas tão pequenas que é impossível esticar suas asas, e cobertas de excrementos que caem das gaiolas acima delas, essas galinhas sofrem paralisia, doenças ósseas e bicam-se obsessivamente – esse último comportamento é evitado cortando-se os bicos delas quando ainda são pintinhos (sem anestesia, claro).

Por falar nisso, na indústria de ovos, chocadeiras comerciais fornecem pintinhos tanto para as grandes fábricas quanto para as pequenas fazendas. Pintinhos machos são indesejáveis, por motivos óbvios, e são considerados e tratados como lixo. Os métodos mais comuns de descarte incluem sufocamento e moê-los vivos. Sim, eu vi em vários vídeos esse método “comum” de jogar os pintinhos machos vivos, centenas deles, dentro de moedores industriais, enquanto gritam desesperadamente. Acontece muito também desses pobres bichinhos serem jogados vivos em caçambas de lixo (foto abaixo). Os mais fracos e aqueles que ficam por baixo, morrem mais rápido, asfixiados ou pisoteados. Os de cima, já não têm essa sorte.

Galinhas poedeiras também são destruídas quando sua produção de ovos declina.

Vamos agora ao segundo “tipo”, também conhecido como “franguinho de televisão”…

A galinha.

Essas aves são mantidas amontoadas às centenas, e assim como na indústria de ovos, os produtores não têm nenhum tipo de obrigação quanto ao tamanho das gaiolas ou espaço livre para essas aves que são criadas para o abate. A maioria delas não vê a luz do dia uma vez sequer na vida. São todas criadas dentro de um sistema de iluminação, alimentação (que inclui medicamentos e hormônios), aquecimento e ventilação automatizados.

Aqui nos EUA, galinhas caipiras são chamadas “free range”. Esses termos remetem à ilusão de que elas são criadas soltas. Engano. Elas levam uma vida bem parecida com as da fábrica-matadouro. Aqui, para um produtor inscrever suas galinhas como “free-range”, ele só precisa descrever o galpão onde as abriga, assegurando que elas têm acesso ao lado de fora por pelo menos 51% de suas vidas. Não existe definição sobre o que é “acesso ao lado de fora” – podendo simplesmente significar que o galpão possui uma janela – e não existe fiscalização; a palavra do produtor é aceita como depoimento.

Aí, chegamos à parte ainda mais assustadora. Galinhas criadas para o abate – incluindo as caipiras – são TODAS geneticamente modificadas para crescerem o dobro de seu tamanho o mais rápido possível. Seus músculos e tecidos gordurosos crescem muito mais rápido que seus ossos, levando à deformidades e doenças. Muitas morrem de convulsão ou morte súbita, dois problemas que não existiriam em galinhas normais. Elas mal podem se mexer ou andar, são alimentadas e mantidas sob luz artificial por dias e dias, em gaiolas superpopuladas e imundas com seu próprio excremento. Muitas sofrem de cegueira, mutilação, infecções bacterianas, paralisia, sangramento interno, anemia. Todas sofrem de dor crônica. Elas enlouquecem nesse tipo de ambiente e são mortas de 40 a 42 dias após terem nascido.

Galinhas, aquelas que imaginamos normais e cuja natureza é a de construir ninhos, botar ovos  e cuidar de suas crias, têm uma expectativa de vida de 7 anos.

Sabendo de tudo isso, não dá pra fingir que está tudo bem, né. Essa indústria não quer que você saiba o que acontece nos bastidores. Agora que você já sabe, responda da única forma que vai ajudar esses animais, três vezes ao dia: no café da manhã, almoço e jantar.

Seja vegano – pelos animais, pelo planeta e pela sua saúde.

One response to this post.

  1. essa é uma realidade triste, melhor, trágica. infelizmente ainda não consegui de deixar de comer carne, por isso estou procurando lugares onde eu possa consumir frangos que sejam “free-range”. mas está dificil de achar!

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