Não, não sou amiga dos animais!

Estou cansada de escutar as pessoas dizerem – assim que ficam sabendo que sou vegan e anti-vivisseccionista – «Oh! É óbvio que você é amiga dos animais». Se eu protestasse pelos paquistaneses que são martirizados pelo partido de direita, não imagino que estas mesmas pessoas diriam com a mesma complacência: «Oh! É óbvio que você sempre gostou dos paquistaneses».
Opor-se à exploração dos animais e à opressão dos «não humanos» nada tem a ver com o fato de ser «amigo dos animais». Há centenas e milhares de amigos de animais por aí. Os restaurantes com rodízios de carne estão cheios deles. As lojas que vendem artigos de pele, também. Os domadores dos circos fazem poses afetuosas com os animais que domam com descargas de eletricidade e bastões de ferro.
O chofer de caminhão que transporta os animais para os abatedouros de um outro país e os deixa três dias sem água e sem comida, até que os animais se comam mutuamente, volta correndo para casa, para sua mulher e seu gatinho. O vivisseccionista, cansado após uma tarde de experiências feitas em um animal não anestesiado, volta para casa e acaricia seu cão…
Não, eu não amo particularmente os animais!
E nem sei se ter um em casa seja uma boa idéia. Pois a sociedade protetora dos animais «Battersea Dogs Home» sacrifica cem cães por semana, cães que foram encontrados abandonados nas ruas – abandonados, sem dúvida, pelos amigos dos animais. As pessoas que se declaram amigas dos animais são, habitualmente, pessoas muito sensíveis. Quando você quer lhes mostrar fotos de vivissecção, elas replicam invariavelmente: «Oh, não! Eu não posso nem ver isso. Isso acabaria comigo». Essas pessoas preferem não saber. Escutamos vagamente falar de um cara que conheceu uma outra pessoa que foi visitar um abatedouro uma vez e que não pôde dormir durante uma semana ou que não pôde mais comer carne durante quinze dias. Mas «é uma experiência terrível, e eu preferiria nem tomar conhecimento». É possível visitar um abatedouro. Mas não existe a mesma oportunidade de visitar um laboratório de vivissecção. Os vivisseccionistas tomam suas precauções quanto a isso. Nos laboratórios onde as experiências são feitas nos animais, as portas estão fechadas para a polícia, para os deputados nos quais você vota, para os representantes das entidades de proteção animal, para o público, para os amigos dos animais, para todo mundo. Assim, os animais podem ser envenenados, seus olhos arrancados, tornarem-se loucos, serem cortados em pedaços (ainda vivos e conscientes), trepanados, batidos, comprimidos para a satisfação e a curiosidade dos vivisseccionistas. O público não está lá para ver.
Para mim, «amigos dos animais» é um termo pejorativo, degradante, ao qual a gente se refere como quando se refere aos militantes feministas. Isso subentende uma predisposição por um mundo de peles confortáveis e voluptuosas. Um termo que nos faz pensar em uma menininha de um livro de contos infantis que joga migalhas de pão na neve para alimentar os pássaros no inverno.
A liberação do animal ainda deve nascer e esse movimento não tem nada a ver com os «amigos dos animais». As pessoas interessadas pelo movimento de liberação animal não possuem obrigatoriamente animais. Nós não conversamos com os animais através das grades de gaiolas. Não compramos fotos de gatinhos com a cabecinha para fora de uma bota. E nunca proclamamos sorrindo que somos amigos dos animais, nos desculpando assim, de toda ação para combater o chauvinismo humano que é universal, infinito e pouco detectado por estar tão presente em nossa vida cotidiana.

Os animais são

A última das minorias,

Em uma perpétua Arábia poligâmica.

Judeus perpétuos

Em um Estado perpetuamente nazista;

Negros perpétuos

Em uma perpétua África do Sul;

Mulheres perpétuas

10 responses to this post.

  1. Posted by Cristina Brice on Janeiro 26, 2012 at 15:10

    Achei o texto tendencioso e com base em pseudo-factos. Afinal se ninguem entra nas instituicoes de investigacao, como e’ que sabe o que se faz la dentro, e como?
    Sou amante de animais. Sou intolerante com a violencia, o abuso, a crueldade de qualquer forma de vida. Mas tenho uma pergunta a fazer aos seus leitores: se um de vos, ou um filho, um pai, um irmao, vier a sofrer de uma doenca grave, vao recusar tratamento?? Claro que eu aposto e defendo que antes do tratamento deve ser na prevencao que se trabalha, mas na infelicidade de se contrair ou desenvolver uma doenca, como o cancro, por exemplo?
    Vamos impedir uma pessoa de ser tratada? E como se desenvolvem e estudam essas terapias? E como se medem dosagems e toxicidade? E tolerancia e efeitos secundarios? Alguem pensa nisso? Podemos recusa-lo para nos proprios, mas vamos nega-los ao resto da humanidade apenas porque nao partilha das nossas ideias?
    A opiniao, o sentimento, sao legitimos. Os factos, alguns, parecem-me duvidosos, e finalmente, o mais importante e’ tentar ver a realidade por mais do que um prisma. Com tolerancia e mente aberta.

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  2. Olá! Amei teu texto e concordo plenamente contigo, gostaria de saber se posso replica-lo em meu blog com os devidos créditos, é claro.Gratidão e meus parabéns!!

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  3. Posted by daniela on Outubro 4, 2011 at 17:22

    Gostei muito do texto e do seu ponto de vista.

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  4. Posted by Fernando Barroso on Maio 12, 2011 at 19:22

    Adorei o texto! Excelente! Parabéns!

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  5. Posted by paula leão on Setembro 19, 2010 at 18:06

    ADOREI
    SIMPLESMENTE ADOREI O TEXTO

    E SIM TENHO 7 GATOS E DOIS PIRIQUITOS, DESDE MIUDA QUE CONVIVO COM ANIMAIS, LEMBRO-ME DA MINHA PRIMA MATAR COELHOS PARA VENDE-LOS, ERA TORTURANTE PARA OS MEUS SENTIDOS, E SÓ DEBAIXO DE PANCADA É QUE COMIA O MISERAVEL COELHINHO, A CARNE N ME PASSAVA DA GARGANTA E VOMITAVA A SEGUIR….
    JA COMI CARNE, MAS DEIXEI-ME DISSO, NÃO QUERO CONTRIBUIR PARA AS BRUTALIDADES QUE TENHO TIDO CONHECIMENTO, E ESSE CONHECIMENTO FEZ COM QUE ABRISSE OS OLHOS, TODOS OS ANIMAIS SENTEM E TODOS PODEM SER BOCHOS DE COMPANHIA, TINHA UM AMIGO QUE COMO ANIMAL DE STIMAÇÃO TINHA UMA GALINHA, A BICHINHA SEGUIA-O PARA TDO LADO E QUEM DIZ Q AS GALINHAS SAO ESTUPIDAS NÃO ENTENDE NADA DO ASSUNTO, AQUELA ADORAVA RASPAR O BICO NA MÃO DO DONO E ADORAVA ANINHAR-SE AO LADO DELE, ERA ESPANTOSO.

    EU MESMO CHORANDO VEJO VIDEOS INFORMATIVOS SOBRE O QUE ACONTECE AOS ANIMAIS E COMO MATAM VACAS E PORCOS PARA QUE POSSAMOS TER CARNE NO NOSSO PRATO, É HORRIVEL O QUE LHES FAZEM, RECENTEMENTE DESCOBRIU-SE QUE O ANIMAL COM A INTELIGENCIA EMOCIONAL MAIS PROXIMA DA NOSSA É PRECISAMENTE O PORCO…. É UMA MALDADE MUITO GRANDE O QUE SE FAZ AOS ANIMAIS….. EU SOU MAMIFERA NÃO SOU NECROFOGA POR ISSO RECUSO-ME A COMER CARNE MORTA, E COMO NÃO SOU CARNIVORA TAMBEM N COMO CARNE ACABADA DE MATAR…..

    ESTE ANO DISSE SIM Á VIDA

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    • Posted by NARA SILVEIRA on Abril 4, 2011 at 18:11

      Sei de muitos protetores que morrem por um cão ou gato, mas mandam brasa para dentro do estômago cadáveres de frangos, bois, carneiros, porcos e etc. Será que eles pensam que esses outros animais não tem sentimentos? Não sentem dor, fome, frio e medo? Acho que o trabalho de proteção deveria rever esta parte, pois vejo seguidamente postados em seus álbuns pedidos de ajuda a cães e gatos, e nas fotos de família, comendo aquele churrasquinho sem nenhum ressentimento!

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      • Posted by Sandra on Julho 30, 2019 at 14:14

        É verdade, não se pode amar uns e comer outros, no entanto existem Protetores de Animais (todos) e Protetores de Cão e Gato, há que se distinguir uns dos outros porque não são farinha do mesmo saco.

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  6. Aos falsos protetores de animais…

    Aos falsos protetores de animais…

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  7. Os animais não precisam ser amados…
    PRECISAM SER RESPEITADOS!!!!

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  8. Olá, sou colunista da ANDA (www.anda.jor.br), e gostei bastante do que vc escreveu. Sou vegana e apaixonada por gatos, mas sua colocação faz muitíssimo sentido. Todos os protetores de animais deveriam ler. Um gde abraço.

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