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O veganismo e o contato com a natureza

Claudia Lulkin, eco-nutricionista vegana, ativista pelos direitos animais, multicultural, mediadora social, adora o cheiro de mata, tomar banho de rio mas está em Porto Alegre no momento. Tem 54 anos, mora num sítio urbano, participou da Cooperativa Coolméia nos anos 80, teve um filho em parto de cócoras, como as índias, fez parte de movimento estudantil, foi hippie, trabalhou com dança, assessorou governos em projetos em nutrição, adora fotografia, e ainda pensa em voltar para o mato… Assim que for o momento.

ANDA – Claudia, em meio a tantas frentes em que milita, por que o veganismo?


Claudia Lulkin –
O veganismo é um jeito de viver que promove a vida dos animais, cuida deles, os ouve, os entende, não os “usa”. No último ato da Vanguarda Abolicionista se dizia: “animais não são produto”… São vidas pertencentes ao mesmo Planeta onde vivo. E, claro, não se alimenta deles. Pratico uma vida eco-veg, o melhor que posso dentro de uma cidade.
ANDA – Costuma dizer que seu único dogma é a libertação animal. Como transitar entre esses diferentes públicos, muitos dos quais não abrem mão da exploração dos animais?


Claudia Lulkin –
É um jogo diário. Todo dia há um momento de “explicações”. Ou de um lanchinho “óbvio”: passas, castanhas… frutas… ou de alguma brincadeira quando alguém fala de comer algum bichinho eu falo… coitadinho… A energia passa a rolar por si só…as pessoas começam a trazer frutas nas reuniões, inventam coisas, barras de cereais… a coisa vai pegando….
ANDA – Em pleno Fórum Social Mundial, neste ano, você coordenou a cozinha ECOmunitária da Aldeia da Paz, servindo refeições veganas para cerca de 350 pessoas. Como isso se deu?
Claudia Lulkin – Foi muito na sincronia… Fui a uma reunião do Acampamento da Juventude, apresentada como nutricionista vegana, havia uma pessoa da Aldeia, me falou que ainda não havia quem focalizasse a cozinha e que esta seria vegana. Topei na hora. Nem tinha muita idéia de nada. Mudou minha vida! A prática da ALDEIA DA PAZ, que acontece quando pessoas se encontram para criá-la, possivelmente poucas são as que já se encontraram algum dia, é uma prática sustentável, auto-construída. Fomos construindo tudo: a Cozinha, a estrutura de limpeza da água de lavagem dos alimentos e de louça, fizemos banheiros secos, chuveiros lindos, tenda de suor, tenda da cura, geodésica onde se conheceu o calendário maia, criamos o espaço da Fogueira e abrigamos o Fogo Sagrado que fica aceso ao longo de todo o Fórum Social Mundial, cortamos lenha, buscamos…e com mínimo impacto ambiental. No final ainda plantamos nas beiradas do lago à volta da área onde estávamos com mudas nativas. Conheci muitas medicinas, gentes biodiversas, culturas de Paz. E pudemos viver por 15 dias juntos nos alimentando do  mundo vegetal. Uma sensação de total liberdade e PAZ. As fotos de alguns dos belos momentos saíram em matéria na ANDA.
ANDA – Porto Alegre é a Capital de um Estado com tradição de carne e exploração dos animais, mas paradoxalmente possui inúmeros locais vegetarianos e veganos, duas telepizzas, bares e afins, além da forte presença dos grupos ativistas. Como vê isso?
Claudia Lulkin – Porto Alegre é um lugar onde as novas idéias tomam corpo e se expandem. O naturalismo, o vegetarianismo, o movimento forte por uma agricultura orgânica tem base em POA há uns bons 35 anos ou mais. A politização e a busca de consciência sempre permearam a cultura local. Por vias “políticas” tradicionais, por vias “espirituais”, por vias das “medicinas alternativas”, das terapias não convencionais, os movimentos sociais, a expansão e experimentação de novas formas de produção de alimentos- a permacultura, a agrofloresta…. Aqui nasceu a feira ecológica, há 21 anos, base da agricultura orgânica, onde nunca foi liberado vender-se alimentos cárneos. Mesmo quando ainda não se tinha toda a clareza da situação animal.  Isso cria as condições para que vá se compreendendo as questões do momento e vá se gerando soluções.
ANDA – Segurança e soberania alimentar, de que se trata?


Claudia Lulkin –
Segurança alimentar é o direito que todo ser humano (é uma visão especista) tem de se alimentar com qualidade todos os dias e ter condições dignas de vida. A Soberania Alimentar se amplia para o território, para um País. Que este possa ter sempre garantido o alimento de qualidade para seu povo. Recém neste ano o Direito Humano à Alimentação Adequada entrou na Constituição brasileira!!!! E o Brasil, apesar de sua riqueza natural não é um país SOBERANO EM SUA ALIMENTAÇÃO, é dependente das regras de mercado impostas pelas organizações internacionais como a OMC, o FMI, a FAO, é subserviente das empresas multinacionais que comandam a cena e, alguns, se dão bem financeiramente, com essa visão dilapidadora da natureza brasileira, das suas terras ricas, das suas águas, da sua quantidade de SOL que o Brasil tem (uma riqueza inigualável). É nesse jogo que a Amazônia é queimada impunemente, que os animais são chamados de “PECUÁRIA”, que as terras são ocupadas com soja e grãos para alimentação “do gado para abate”… e que a fome continua a grassar em pleno BERÇO ESPLENDIdo. Além da cotidiana falta de nutrientes pois a alimentação está envenenada de agroquímicos, as águas poluídas, os solos sem vida…  As palavras escondem seus verdadeiros sentidos fazendo perder o sentido da comunhão com a natureza.
ANDA – Paisagismo alimentar é uma de suas propostas. Como funciona, na prática?
Claudia Lulkin – Bom, ainda é uma idéia mas ela vai tomando corpo. É simples… é plantar em TODOS os lugares, em todos os pátios, em vazios urbanos, em pátios de hospitais, de prédios, de clubes, de escolas, colocar plantas em todos os muros, em todas as paredes, em todos os becos. Colocar árvores frutíferas, trepadeiras de flores, plantas medicinais, aromáticas, condimentares. Poderá alimentar pessoas,  pássaros, minhocas, borboletas. Vai colorir, oxigenar, hidratar e curar, e dar uma sentido do único verdadeiro tempo que é o ciclo da Vida na Natureza. E isso CURA. A PETA está falando em resgatar “the wildlife” fazendo jardins em todos os lugares. E mostra uma foto de um esquilo…Lindo! No meu pátio vem beija-flores, bem na porta de casa por conta das inúmeras flores  “lanterninha japonesa” que está bem crescida e florida nesta época (outono).
ANDA – Há décadas você lida com o lixo de forma pensada, inclusiva na arte-reciclagem. Como isso começou?
Claudia Lulkin – Tive um namorado muito vanguardeiro que me falou do LIXO pela primeira vez. Aquilo mexeu comigo. Passei a pensar sobre o consumismo… descobrir a riqueza do que se chama lixo e ficar incomodada de não poder separar os resíduos e utilizar o orgânico. Nos anos 80 a Cooperativa Coolméia alugou uma casa no bairro Bom Fim, na João Teles, pertinho do Bar Ocidente. Lá começamos a levar nosso “orgânico” e criamos um bordão “LIXO É LUXO”, que depois se popularizou. Esse movimento impulsionou ações governamentais de separação de lixo. E fui encontrando a arte-reciclagem na moda- a customização, os antigos brechós (que eram poucos), os recortes, as colagens, a pegar embalagens lindas pelas ruas e, em 2003, montar a exposição “Espelhos de Camarim”, em Brasília, um trabalho todo em arte-reciclagem de móveis, madeiras encontradas em lixo, posters, latas…, do artista plástico Rasiko, que está vivendo em Lisboa, atualmente. Para fechar o ciclo, fui assessora da Cozinha Comunitária da UTC – Unidade de Triagem e Compostagem na Lomba do Pinheiro em POA, onde hoje há uma bela horta. Minha “pós-graduação”!!!!
ANDA – Você se sente marginalizada por suas posturas?
Claudia Lulkin – Sim, ainda sou marginalizada, apesar de já receber mais avais….
ANDA – A desobediência civil parece ser o ponto de partida para muitas mudanças necessárias no sistema. Concorda?


Claudia Lulkin –
Acho que a sociedade é a cara e a cabeça das pessoas. A sociedade impõe modelos, cultua o apego ao passado, tem uma dinâmica que não me faz bem, usa de uma medicina em que não acredito, não acolhe as pessoas nem os animais, trata as crianças como imbecis, pratica “tradições” cruéis, estabelece o medo, dá prioridade à economia e não a outros valores que a mim interessam… Na medida em que discordo dessas práticas e quero fazer as coisas do jeito que me fazem bem sem prejudicar ninguém e ser solidária com uma nova possibilidade de encantamento coletivo baseado na natureza, desobedeço o estabelecido como padrão.  A desobediência civil é um libelo, um posicionamento por direitos.

ANDA – Socialmente, como fazer a população mais simples compreender e usufruir do vegetarianismo/veganismo?
foto de claudia lulkinClaudia Lulkin – Mostrando, estando junto, fazendo… sou muito Paulo Freire nessa hora. O povo é muito prático. Se come bem, gosta, se sente bem, vê que o intestino funciona, entende os argumentos pelos animais, pode aderir. Ou, pelo menos, integrar ao cardápio cotidiano. Não é com a prescrição da nutricionista do posto ou com flyers governamentais que ele assume uma mudança. É só com olho no olho e mão na panela, na terra… Depois que assume o que conhece…. incrível, só dá ótimos “feed backs”.E isso é ativismo, também.
ANDA – Quem a conhece pessoalmente sabe que você é uma jovem de 53 anos, com pique invejável. Qual o segredo?


Claudia Lulkin –
Quase 54… Segredo? Prazer de viver sendo desobediente, sendo ativista…. sendo ambientalista, vendo as flores nascerem, os verdes crescerem, brincando com o Pedro, meu neto, ouvindo seus papos, suas músicas, teatrando a vida com ele. Tendo uma família veg, uma alimentação saudável e MUITOS AMIGOS-IRMÃOS, de todas as idades, de todos os credos, de todas as cores.

ANDA
Entrevista de Marcio de Almeida Bueno  – VAL

“Vegetarianos e Veganos”



Pense nas suas aulas de geometria. Lembra-se do filósofo grego Pitágoras? Seu teorema sobre o triângulo recto? “A soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”. Nascido por volta de 580 aC, perpetuou-se não só por seu gênio matemático como também por ser considerado “pai do vegetarianismo”. Por quase 2.500 anos, europeus e americanos chamavam pitagóricos àqueles que seguiam o vegetarianismo, pois o termo não era usado até a fundação da Sociedade Vegetariana Britânica, em 1847.

O argumento de Pitágoras em favor da dieta sem carne tinha três “pontas” (como um triângulo):
– veneração religiosa,
– saúde física e
– responsabilidade ecológica.
Essas razões continuam a ser citadas até hoje. Enquanto sempre houve vegetarianos na população mundial, muitos escolheram esse caminho mais por necessidade do que por preferência. O mundo medieval considerava vegetais e cereais como comida para animais. A carne era símbolo de status de classe alta: quanto mais alguém comia carne, mais elevada era a sua posição na sociedade – de forma que somente a pobreza compelia as pessoas à substituição de carnes por vegetais.


Vegetarianismo é com frequência ligado a religião, e a força dessa relação parece se vincular diretamente à longevidade de cada credo religioso. O relativamente jovem Islamismo (1.300 anos), por exemplo, não tem cultura vegetariana forte.
Os budistas, por outro lado, seguindo os princípios de não-violência, têm praticado vegetarianismo por 2.500 anos. O Hinduísmo possui princípios vegetarianos que datam de 5.000 anos. Judeus citam uma passagem bíblica como prescrição da dieta original:

“E Deus disse, Eu vos dei cada semente de erva, que estão por toda a terra, cada árvore, nas quais estão os frutos de semente; para vocês elas servirão de comer” (Gênesis 1:29).

Evitar o consumo de carne e jamais comer porco ou mariscos era uma provação (símbolo de pesar e tristeza), voltada também para a restrição dos desejos e prazeres do corpo. O Cristianismo primitivo, com suas raízes na tradição judaica, viram o vegetarianismo de maneira similar – um jejum modificado para purificar o corpo: evitar a carne é uma forma de reforçar a disciplina e a força de vontade necessárias para resistir às tentações.
Isso tornou as restrições dietéticas muito comuns no comportamento cristão da época. E essa crença foi passada adiante, ao longo dos anos, de uma forma ou de outra – por exemplo, a proibição de carne (exceto peixe) da Igreja Católica Romana nas sextas durante a Quaresma.

Na América do Norte o vegetarianismo foi quase um acidente decorrido da preocupação com a Guerra Civil. Em 1863, a crescente Igreja Adventista do Sétimo Dia passou a defender as idéias vegetarianas, abriu um instituto de saúde, mas cedo descobriu que sua sobrevivência dependia de uma equipe médica treinada. Com o apoio da igreja, o jovem John Harvey Kellogg, um convertido ao adventismo, se matriculou e completou o curso de medicina. Em 1876, Kellogg se tornou diretor desse instituto, chamando-o de Battle Creek Sanitarium, e sob sua direção se tornou uma clinica de fama mundial e um centro de fabricação de cereais para café da manhã (Kellog´s). Nutricionistas dos anos vinte e trinta do século 20 não tinham muita disposição tanto para condenar quanto para promover o vegetarianismo, sentindo que faltavam necessárias evidências para justificar ambas as posições. Vegetarianos eram mais lamentados do que valorizados, e tanto a comunidade médica como o público geral expressavam preocupação com as conseqüências da dieta. A explosão das pesquisas científicas depois da Segunda Guerra Mundial atenuaram bastante o estigma da dieta sem carne.
Compilação do artigo “Vibrant Life”(1992), de Glen Blix, Dr. Phd,
professor da Universidade de Loma Linda, Califórnia.





AFINAL, O QUE SÃO VEGANS?


O termo vegan (ou vegano) surgiu para diferenciar os vegetarianos que, além de não comerem carne, excluem de sua dieta qualquer outro produto de origem animal: leite e seus derivados, ovos, gelatina, mel. Os vegans também são contra o uso e a exploração de animais para outros fins, que incluem vestuário (artigos de couro, casacos de pele), entretenimento (circos e rodeios, por exemplo) e experimentação (testes em laboratórios ou utilização de substâncias de origem animal em cosméticos e medicamentos). Ou seja: vegan é o vegetariano levado às últimas conseqUências(?).


Muita gente pergunta:

Se os vegans não comem carne, ovos ou leite, então eles comem o quê?”.
Muito mais do que se possa imaginar!
A variedade de alimentos é enorme, principalmente no Brasil, um dos maiores produtores de soja do mundo e um país com uma enorme variedade de grãos, verduras, legumes e frutas.


Dá para substituir todos os nutrientes encontrados nos produtos de origem animal se você seguir uma dieta vegan ou vegetariana equilibrada. A maioria dos grandes supermercados vende leite e ‘carne’ de soja, além de alguns produtos mais elaborados, como leite de arroz, nuggets, hambúrguer, almôndegas, kibe, salsicha, carne de glúten, maionese… tudo sem carne, leite ou ovos.
Tendo um pouquinho de paciência para ler os rótulos, você vai descobrir que o que não falta é bolacha, chocolate, cereal, panetone, doce, geléia e outros produtos que não utilizam substância alguma de origem animal. E saiba que pão francês também é vegan. Também dá para encontrar muita coisa em empórios de produtos orgânicos e naturais. Restaurantes de comidas típicas (árabes, indianos, chineses, mexicanos, japoneses, tailandeses, italianos) oferecem vários pratos que se encaixam perfeitamente no cardápio vegan ou vegetariano.


Para que não haja nenhum tipo de deficiência nutricional, uma dieta vegetariana/vegan (como qualquer outra dieta) deve conter uma grande diversidade de alimentos vegetais, ressaltando alimentos crus ou preparados de forma que não percam os seus nutrientes (no vapor, por exemplo) e alimentos integrais e não industrializados. Para aqueles vegetarianos que consomem ovo e/ou leite e seus derivados (ovolacto-, ovo- e lactovegetarianos), nenhuma suplementação nutricional é recomendada. Mas para vegans, deficiências de vitamina B12, cálcio e vitamina D podem ocorrer.
Para estas pessoas uma complementação de vitamina B12 e cálcio é recomendada, seja através do uso de alimentos enriquecidos com estes nutrientes como pelo uso de suplementos nutricionais. E nos casos de baixa exposição solar está indicada a suplementação de vitamina D. Em relação ao ferro, trabalhos recentes têm demonstrado que vegetarianos apresentam incidência de anemia por deficiência de ferro igual a onívoros. Assim, a suplementação de ferro deve restringir-se às situações de anemia comprovada ou quando existirem fatores de risco para carência de ferro como gravidez ou hemorragias.


DIA MUNDIAL da ÁGUA

Com o tema “Água Limpa para um Mundo Saudável”, a Agência Nacional de Águas (ANA) lança o hotsite Águas de Março 2010. Em sua quarta edição, o portal divulga o calendário das atividades em todo o Brasil dedicadas ao Dia Mundial da Água, celebrado todos os anos no dia 22 de março. Além da agenda de eventos, o site reúne informações sobre recursos hídricos relacionadas ao tema anual definido pela Organização das Nações Unidas (ONU).


Este ano, as Nações Unidas dedicam o dia Mundial da Água à qualidade da água, com o objetivo de mostrar que na gestão dos recursos hídricos qualidade é tão importante quanto quantidade. Em todo o mundo, o mês de março é dedicado a atividades, celebrações e reflexões sobre o uso sustentável e consciente da água.


Histórico
Em 22 de dezembro de 1992, a Assembléia Geral da ONU declarou que no dia 22 de março de cada ano, a partir de 1993, seria celebrado o Dia Mundial da Água. Essa decisão baseou-se nas recomendações contidas no capítulo 18 da Agenda 21 que define como objetivo geral assegurar a manutenção da oferta adequada de água de boa qualidade para toda a população do planeta e a preservação das funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas.
Com a instituição do Dia Mundial da Água, os países foram convidados a aderir às recomendações da ONU relativas aos recursos hídricos e a concretizar atividades apropriadas ao contexto de cada país.


Dia Nacional da Água
No Brasil, a adesão partiu do Congresso Nacional. A Lei nº 10.670, de 14 de maio de 2003, instituiu o Dia Nacional da Água, que também passou a ser comemorado no dia 22 de março de cada ano.


Fonte


Água limpa para um mundo saudável, por José Alberto Wenzel*

O Dia Mundial da Água, 22 de março, instituído pela ONU em 1993, tem como tema este ano “Água limpa para um mundo saudável”, em meio ao descuido com a natureza e aos resultados desastrosos que acompanham o dia a dia da humanidade. O objetivo é mostrar que, na gestão dos recursos hídricos, qualidade é tão importante quanto quantidade. Várias questões preocupam os gaúchos. No Rio Grande do Sul, 98% dos 325 municípios conveniados com a Corsan possuem água potável. Estudo indica que cada gaúcho consome 200 litros de água por dia. Nas demais cidades, do total de 496, o sistema geralmente é gerido pelo próprio município. A perspectiva do governo do Estado, em médio prazo, é de que todas as cidades operadas pela Corsan recebam água tratada.

A estiagem, que se reflete na produção agrícola, é minimizada com a construção de cisternas e microaçudes pelo governo gaúcho. Até o fim do ano, serão finalizados 3 mil microaçudes de até cinco hectares cada um, que se juntarão aos mais de 1,4 mil já prontos, em um total de 20 mil hectares de água. Em cada sete anos dos últimos 35, no RS, há estiagens, restando apenas três anos normais em termos de precipitações.

Em nível nacional, o Atlas de Abastecimento Urbano de Água no país, lançado em 2009 pela Agência Nacional de Águas, aponta as condições dos mananciais e dos sistemas de produção de água em 2.965 municípios. Dado revela que 1.896, ou seja, 64%, necessitam de investimentos prioritários que totalizam R$ 18,2 bilhões. As verbas evitarão o colapso no fornecimento. Concluídos até 2015, podem garantir o abastecimento até 2025.

A região metropolitana de Porto Alegre necessita de aplicações de R$ 266 milhões em abastecimento de água. Municípios com mais de 250 mil habitantes requerem aportes de R$ 48 milhões. No RS, foram pesquisadas 34 cidades, sendo que 31 estão na Região Metropolitana e três apresentam população superior a 250 mil. O Atlas incluiu o Nordeste, regiões metropolitanas e Sul. O trabalho será expandido neste ano e atingirá os demais municípios gaúchos e brasileiros.

Previsões da ONU indicam que em 2050 mais de 45% da população mundial não poderá contar com a porção mínima individual de água para necessidades básicas. O Brasil tem provavelmente as maiores reservas de água do mundo. Portanto, para evitar situações insustentáveis é necessário gerenciamento, armazenagem, tratamento e distribuição das águas. Evitar a poluição deve ser uma prioridade.

Eco-Casamento…Ecologicamente correcto!

Será que as noivas, ao planearem seus casamentos, tinham ideia ou já pensaram sobre os impactos ambientais que o seu evento e suas escolhas podem causar no meio-ambiente ou nas gerações futuras?
Porque não pensar e considerar opções que possam antes tudo, ajudar o meio-ambiente e fazer a diferença?
Não são ideias diferentes, projectos inovadores e casamentos personalizados que toda noiva procura? Um “casamento verde” pode ser a alternativa para reunir todos estes desejos…

Para preparar um casamento ecologicamente correto, saiba que todos os elementos devem estar em harmonia.

Pouco adianta usar papéis recicláveis e receber os convidados em um espaço que prejudique o meio ambiente. O ideal seria optar por um local com muito verde. Árvores naturais, relvados bem verdes, um jardim botânico ou até mesmo uma bela praia. O local por si só deve remeter os convidados ao perfil “natural” dos noivos.

Misture gostos, sabores e encante os presentes com delícias orgânicas. O catering não precisa ser, necessariamente, vegetariano. Um menu interessante pode conter carne de soja, açúcar orgânico, casca de banana-verde e outros ingredientes alternativos.O cardápio poderá conter uma grande variedade de receitas tornando o casamento uma satisfatória degustação de novos sabores. Apesar de ter um custo mais elevado do que um bufete convencional, os orgânicos agregam valores sócio-ambientais ao evento.

À luz do dia

Nada mais belo do que aproveitar os raios solares naturais na hora de comemorar. Casamentos à luz natural reduzem custos e gastos com electricidade. Dependendo da época do ano, a cerimónia pode ser feita ao ar livre. Evite imprevistos e contrate uma empresa de coberturas, de preferência aquelas que utilizam o plástico transparente, para não esconder a beleza do local. Na decoração da festa, a iluminação por velas cria um ambiente romântico, acolhedor e de energia mais limpa. Vela à base de soja é ecologicamente correcta e dura mais tempo do que a convencional.

Convites e cartões

Esta pode ser considerada uma das partes mais importante de um eco-evento. Opte por papéis recicláveis ou materiais alternativos que não prejudiquem o ambiente. Actualmente, eles são acessíveis e tão bonitos quanto os não-recicláveis. Uma alternativa prática e viável são os convites virtuais e os sites de casamentos, os quais providenciam a entrega de todas as informações extras aos convidados.

O vestido de Noiva

A noiva, estrela principal da festa, pode escolher um vestido de algodão orgânico ou seda. É muito importante prestar atenção nos tecidos e certificar-se de que não possuem materiais sintéticos ou tingimentos químicos. Se não pretende guardar o vestido após o casamento pode-se vender, leiloar ou doar o valor para uma instituição de caridade. Outra escolha bastante comum entre as noivas ecologicamente correctas é o uso de um vestido vintage.

Lembranças

Que tal oferecer plantas ou algo que floresça como tulipas, sementes de flores, ervas aromáticas ou mini árvores como lembrança da comemoração? Há também a opção dos kits de chá e café orgânico, acompanhados de biscoitos de canela feitos em uma padaria local, e personalizados com o nome dos noivos em papel reciclado. Pequenos frascos de compotas e mel biológico são lembranças originais

Itens para tornar o seu casamento, num evento  Eco Chic

Convites, saquinhos para kits dos convidados e qualquer outro item feito de papel, tem sempre a opção de utilizar papel reciclado. Pesquisando, encontrará opções com bons preços e lindos modelos.

– Usar recipientes reciclados ou peças de artesãos regionais. ainda pode adaptar as peças como vasos, com um lindo bouquet de flores.

– Outra alternativa é usar flores em recipientes feitos de argila. Além de utilizar os vasos para compor arranjos florais na decoração do ambiente, eles podem ser usados como lembranças para os convidados.

– Se for utilizar produtos descartáveis, certifique-se de usar produtos Bio-degradáveis que irão se decompor com facilidade.
Pense no uso destes produtos feitos de bambu. Além de um lindo design são amigos do meio-ambiente.

– Você pode presentear os convidados com uma planta ou sementes que eles possam cultivar em casa.

– Pequena bolsa para dar de presente ás madrinhas, feitas de couro sintético

via Coisas da Terra » Blog Archive

Ativista da VAL participa de programa na Record sobre limpeza ecológica

A nutricionista Claudia Lulkin, da Vanguarda Abolicionista, é uma esta entrevistadas do programa ‘Vida Orgânica’ – assim como Priscila Machado, outra conhecida ativista da Capital – a ser exibido neste sábado, 13, às 10h, na Rede Record RS – canal 2. As represises passam de segunda a sexta às 6h45min.

Release

“Você já parou para pensar sobre os efeitos dos produtos de limpeza no meio ambiente e na saúde humana? A gente foi conferir e no próximo sábado, dia 13, às 10h, no canal 2, mostramos para você. Desde a escolha dos alimentos até o consumo, a limpeza dos utensílios domésticos até o momento do descarte, influenciamos na limpeza do planeta e estamos, de alguma forma, gerando impacto ambiental. Nesse sentido, a proposta da faxina ecológica é utilizar produtos biodegradáveis e diminuir o descarte de resíduos, procurando reaproveitar ao máximo aquilo que consumimos.

Ao utilizar produtos menos impactantes à natureza ou até mesmo reutilizar materiais, você contribui para a saúde do planeta, pode evitar danos ao seu próprio bem-estar e também pode fazer uma boa economia.

Nesta edição, a gente ensina como fazer sabão caseiro e outros produtos, como detergente, lava-louças e aromatizador de ambiente. A partir de uma conversa com Denis Beauchamp, autor do livro ‘A Casa Limpa da Faxineira Ecológica’, iremos dar várias dicas para facilitar a faxina. Com a artesã Maria Isabel Bonotto, aprendemos a produzir uma vassoura de garrafa pet. Mariza Fernanda Powe Reis, responsável pelo projeto de coleta de óleo do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e a química do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Adriana Cechin, falam da importância de cuidar do descarte de resíduos, e seus impactos para a cidade.

No quadro de gastronomia, a culinarista Priscilla Carniel Machado e a nutricionista Cláudia Lulkin ensinam uma refeição que realiza uma verdadeira faxina interior pela alimentação. Com uma refeição saudável (salada, suco de melancia e açaí na tigela), o corpo passa por uma desintoxicação e está mais preparado para assimilar os nutrientes. Não perca: É no próximo sábado, dia 13, às 10h ou de segunda a sexta, às 6h45min na Rede Record RS – Canal 2.

Acesse e deixe suas sugestões, críticas e comentários”.

via Vanguarda Abolicionista.

Caça à baleia cria efeito de estufa

Caça à baleia cria efeito de estufa

Cientistas estimam que impacto do CO2 libertado em 100 anos equivale a 130 mil km de florestas destruídas.

Ao longos do último século, a caça à baleia resultou na libertação de uma quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera equivalente à destruição de 130 mil quilómetros quadrados de florestas.

A afirmação foi feita na passada quinta-feira por Andrew Pershing, um especialista norte-americano que trabalhou vários anos com uma equipa da Universidade de Maine para calcular a “pegada” de CO2 de décadas de caça industrial aos grandes cetáceos no último século.

Num encontro de ciências oceânicas, promovido pela Sociedade Norte-Americana de Geofísica, a equipa de Pershing comparou as baleias às “árvores do oceano”, devido às quantidades de CO2 acumuladas nos seus grandes corpos. Quantidades que, segundo os investigadores, eram libertadas quando os baleeiros desmanchavam os animais à superfície.

“As baleias, como qualquer outro animal ou planta do planeta, são compostas numa grande percentagem de dióxido de carbono. E quando se mata uma baleia, removendo-a do oceano, está-se a retirar o CO2 do seu sistema de armazenamento e possivelmente a libertá-lo na atmosfera”, disse o principal responsável pelo estudo.

Por outro lado, lembraram os investigadores, no passado era frequente o recurso ao óleo de baleia como combustível para as lamparinas, o que terá também potenciado a libertação de gases de efeito de estufa na atmosfera.

Em circunstâncias normais, defendeu Andrew Pershing, o CO2 contido nos corpos das baleias conserva-se por centenas ou milhares de anos nos oceanos. Estes animais são enormes, são predadores de topo, por isso a menos que sejam capturados, o mais provável é que [após a morte] deixem a sua biomassa no fundo do Oceano”, explicou.

As conclusões deste estudo foram recebidas com alguma cautela. Mesmo por especialistas ligados a organizações defensoras da natureza. Em declarações ao site noticioso russo Ria Novotsku, Vasily Spiridonov, consultor do programa para os Oceanos do World Wildlife Fund (WWF) relativizou o peso da captura de cetáceos nas alterações climáticas.

“É óbvio que a quebra dramática nas populações de baleias alterou significativamente os ecossistemas oceânicos”, admitiu. “No entanto, não creio que a caça à baleia tenha tido impacto significativo nos níveis de dióxido de carbono da atmosfera da Terra.”

Os autores do estudo reconheceram que, por comparação com outras actividades industriais desenvolvidas pelo homem, a caça à baleia teve uma expressão relativamente pequena. Porém, insistiram que o seu impacto não deve ser desvalorizado. Até por se tratar, porventura, de uma das primeiras actividades humanas com estas consequências.

Com várias espécies de baleias à beira da extinção, a Comissão Baleeira Internacional (IWC) introduziu uma moratória à caça, em 1986, de forma a permitir a recuperação das populações destes cetáceos.

Porém, pelos menos nove países são responsáveis por centenas de capturas anuais: as elhas Féroe, a Gronelândia, a Islândia, a Indonésia,a Noruega, o Japão, o Canadá, a Rússia e os Estados Unidos. Em parte destes países a pesca é justificada com tradições de grupos minoritários, enquanto noutros (como o Japão) o pretexto é a pesquisa científica.

via Caça à baleia cria efeito de estufa – Ciência – DN.

Greenpeace lança campanha para que o Facebook use energia renovável

A ONG Greenpeace iniciou nesta segunda (22) campanha para que a rede social Facebook tenha uma política mais verde, utilizando energias renováveis. O título escolhido para campanha foi: “Queremos que o Facebook utilize energia 100% renovável”.

A razão desta movimentação é que o Facebook anunciou a construção de um centro de dados em Oregon/Estados Unidos cuja energia será suprida a partir do carvão – uma das fontes que mais contribui para o aquecimento global.

Centros da dados consomem grande quantidade de energia para armazenar os conteúdos de seus usuários. Com o crescimento das redes sociais, a tendência é o crescimento da demanda de energia. Se o Facebook continuar com sua política de energia “suja”, estará contribuindo cada vez mais com o aquecimento global.

A ONG chama os simpatizantes da causa para participarem através do LINK

Fonte: Aqui Acontece

via Planeta Vegetariano

Antropodescentrismo: as fronteiras móveis entre o ser humano e as outras espécies

Em dois livros recentes, “Intelligenze plurime” [Inteligências plúrimas] e “Il tramonto dell’uomo” [O declínio do homem], Roberto Marchesini (foto) coloca em discussão a centralidade do “homo sapiens”, destacando como na esfera do “bios” não há hierarquias, mas sim especializações relativas aos contextos, não distâncias qualitativas entre o humano e o resto do mundo animal, mas sim contiguidade e diferenças entre as espécies, incluindo os humanos.

Marchesini participou, em 2008, do Simpósio Internacional “Uma sociedade pós-humana? Possibilidades e limites das nanotecnologias”, organizado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, na Unisinos.

Publicamos aqui a avaliação crítica de Alberto Giovanni Biuso, professor de Filosofia da Mente na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Catânia, na Itália, escrita para o jornal Il Manifesto, 30-10-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.Es o texto.

O século XX foi (também) o tempo em que o paradigma humanista que, por milênios, havia embasado a cultura e a vida do Ocidente começou a mostrar as suas falhas e as suas contradições. Esse paradigma vitruviano – tão admiravelmente expressado na célebre incisão de Leonardo da Vinci e nas páginas de Pico della Mirandola, e fundamentado na centralidade absoluta do humano, na sua separação de qualquer outro ente e na autopoiese, uma virtualidade ilimitada que permitiria que a nossa espécie se tornasse tudo o que quisesse – progressivamente caiu. De pouco valem as nostalgias humanistas, mesmo que diversamente declinadas: a antroposfera não existe – nunca existiu – fora de uma relação constante e dinâmica com a teriosfera (os outros animais), a tecnosfera (o chamado mundo artificial), a teosfera (a dimensão do sagrado).

Concentremo-nos na primeira, a teriosfera, partindo de um dado evidente: a “animalidade” não é uma categoria. É manifestamente um engano assimilar formigas, corvos os cavalos em uma ideal contraposição com o homem, a partir do momento em que muitíssimos animais são muito mais próximos – seja genética ou funcionalmente – à espécie humana que a outras. Um chimpanzé ou um cachorro são muito mais “parentes” do Homo sapiens do que das abelhas, dos moluscos, das cobras.

Na recorrente comparação distintiva entre a nossa espécie e os “outros animais”, pode-se, portanto, ler um sintoma ao mesmo tempo de presunção e de insegurança. A vida se expressa em uma multiplicidade de formas, todas ligadas entre si e todas diferentes, e não tem sentido a obsessão comparatista segundo as quais, toda a vez que se discute inteligência animal, ela é entendida como uma categoria unitária, que deve ser confrontada sempre e apenas com a inteligência humana, quase como se esta última constituísse o parâmetro sobre o qual deve-se medir qualquer outra habilidade cognitiva.

Tão radicados são esses estereótipos que uma perspectiva etológica e biológica mais rigorosa não poderá não levar senão àquela que Roberto Marchesini definiu no seu “Intelligenze plurime. Manuale di scienze cognitive animali” [Inteligências plúrimas. Manual de ciências cognitivas animais] (publicado pela editora Perdisa no ano passado) como uma nova “revolução copernicana”.

Escreve Marchesini: “Nós, homens, temos a surpresa de habitar em uma pequena e remota região cognitiva que naturalmente tem contiguidades, proximidades e até sobreposições com a das outras espécies”.

Mover-se rumo a um antropodescentramento do conhecimento significa, simplesmente, entender melhor a vida, tanto em sentido biológico como em sentido ético. São muitas as formas em que o antropocentrismo se expressa, do antropomorfismo, que tende a assimilar a cognição animal à humana, à reificação, que nega que nos animais não humanos haja inteligência. Em ambos os casos, é ignorado o fato de que a inteligência, citando ainda Marchesini, é “uma função biológica que – como a sensorialidade, a anatomia das artes, a digestão – se apresenta no universo animal de modo plural com uma multiplicidade de vocações e atitudes não sobreponíveis entre si”.

No bios, enfim, não há hierarquias, mas apenas especializações relativas aos contextos, não distâncias qualitativas entre o humano e o resto do mundo animal, mas sim contiguidade e diferenças entre as diversas espécies, incluindo os humanos. A oposição humano/animal se situa dentro de um círculo comum e mais amplo, biológico e tecnológico. Em uma perspectiva antropodescentrada e etológica, tanto o comportamento reducionista quanto o funcionalismo computacional mostram a sua insuficiência, pois ambos ignoram o fato de que o humano não possui e não habita um corpo, mas é corporeidade complexa e adaptada ao ambiente.

Oito formas de inteligência

Essa unidade plural do ser vivo, objeto em que Marchesini trabalha há anos, encontra em “Intelligenze plurime” e no posterior, o recentíssimo “Il tramonto dell’uomo. La prospettiva post-umanista” (Dedalo 2009) um rigoroso ponto de apoio. A pluralidade cognitiva se explica, para Marchesini, em oito formas de inteligência: social, enigmista, orientativa, abstrata, operativa, referencial, comunicativa, reflexiva.

A inteligência social, ou relacional, é a capacidade de pensar com o grupo/bando e a favor da sua sobrevivência. A inteligência solutiva é, pelo contrário, capaz de resolver problemas em solidão. A inteligência de mapa é capaz de visualizar mentalmente os contextos espaço-temporais mediante coordenadas astronômicas, sinalizações paisagísticas e autorreferenciais (como os feromônios ou as urinas). A inteligência conceitual abstrai da realidade os conceitos gerais mediante operações de mapeamento e orientação interiores. A pragmática inclina o mundo a suas próprias exigências de utilização. A inteligência mimética é capaz de aprender com a relação com membros do grupo, da espécie a que pertence ou também de outras espécies. A dialógica permite intercambiar conteúdos com outros da mesma espécie. E por fim a inteligência reflexiva ou introspectiva “refere-se à capacidade de fazer referência à mente como mundo interno e, portanto, ao estado mental vivido, à própria biografia, à abordagem simpatética do outro e da abordagem empática do outro.

Objetos

Com relação às críticas que são dirigidas à ciência por ser a maior responsável pela vexação de outras espécies, Marchesini rebate “ao contrário que é graças à ciência que o homem contemporâneo soube sair do antropocentrismo (seja por analogia quanto por distanciamento), começando assim a olhar com humildade e interesse o grande patrimônio de diversidade que o universo das outras espécies animais nos oferece”.

Se isso é verdade, não deve ser subavaliado, no entanto, o fato de que os laboratórios científicos e farmacológicos constituem ainda hoje lugares de tortura para muitíssimos animais. Horrores praticados não apenas em nome dos negócios, mas também “pelo progresso das ciências”. E, entretanto, a vivissecção é uma das práticas mais anticientíficas que existem, como argumenta Stefano Cagno, em “Imparare dagli animali” (Perdisa 2009), um livro que toca as questões mais urgentes da relação humano/animal, da engenharia genética à clonagem, do vegetarianismo à caça, da pet-therapy aos direitos dos animais – um argumento, este último, do qual o filósofo norte-americano Tom Regan se ocupa com vigor há diversos anos, cujo livro “Gabbie vuote” [Gaiolas vazias] foi republicado recentemente na Itália.

Cagno sustenta que a vivissecção é “um método de pesquisa arcaico”, que “se baseia no conceito de ’semelhante’, sem valor científico”, tanto que “já causou danos à saúde humana”, pois “não existe nenhuma semelhança entre as doenças que surgem espontaneamente nos seres humanos e aquelas induzidas artificialmente nos animais”. A vivissecção não só “representa uma violação dos direitos animais”, que são “tratados como objetos”, mas também se presta a “qualquer forma de abuso e de sadismo (…) ante sala para uma experimentação sobre o homem privada de regras”. Esse grave “desperdício de recursos econômicos (…) permite fáceis carreiras universitárias” e principalmente permite que “as indústrias farmacêuticas inundem o mercado com novos produtos”.

Pretensões autárquicas

Entre aquelas que Eugenio Mazzarella quis chamar, com uma bela definição, de “ciências da nova humildade” e que deveriam nos induzir a um repensamento sempre mais profundo sobre a inaceitabilidade das dores infligidas a outras espécies em nome da superioridade da humana, apresenta-se quase com um estatuto bem preciso a zooantropologia, cujo “assunto de base está em considerar o humano como um processo, não como um estado”, para retomar mais uma vez as palavras de Roberto Marchesini no livro assinado com Sabrina Tonutti, “Manuale di zooantropologia” (Meltemi 2007).

A zooantropologia rejeita as pretensões típicas do humano com relação ao mundo das outras espécies: a pretensão distintiva que vê na cultura uma posse exclusiva da nossa espécie; a pretensão autárquica que nos tornaria autônomos do resto do mundo vivo; a pretensão separativa que faz das características humanas o cume da vida e da sua evolução.

Nessa perspectiva, e como Marchesini argumentou em “Tramonto dell’uomo”, o corpo humano não constitui uma fortaleza fechada que se gera por si mesma e por si mesma alcança a vida, mas é um projeto dialógico e mundano. O corpo não é um equipamento que se possui, uma casa que se habita, interface instrumental, mas é a obra aberta na qual convergem os processos metabólicos, perceptivos, emotivos, relacionais, tecnológicos que, juntos, definem e fazem a nossa espécie. Um corpo que se é; não que se usa. Um corpo que é tempo germinado pelas memórias e pelos genes, constituído por aquela evidente transitoriedade que se chama finitude e morte. Bios e téchne não são duas, “toda tecnologia é, de fato, uma biotecnologia”.

Um planeta em perigo

Pensar a tecnologia de modo instrumental e exterior com relação ao caminho evolutivo da nossa espécie nos torna incapazes de compreender sua potência intrínseca além da evidente pervasividade da vida contemporânea. “As atitudes hiper-humanistas (a tecnociência como domínio do homem sobre o mundo) e trans-humanistas (a tecnociência como salvação do homem pelo mundo) – observa Marchesini – não colocam em discussão o conceito de homem-essência como centro gravitacional em torno ao qual tudo gira e ao qual tudo deve ser referido”.

O risco é, portanto, a (auto)destruição do humano e, com ele, do planeta. Mesmo que para contrastar esse perigo, a perspectiva pós-humana confere ao Homo sapiens características e funções específicas – que ele certamente possui, como qualquer outra forma de vida – que, no entanto, renunciam à ilusão epistemologicamente errada e pragmaticamente suicida da centralidade ontológica. “Por isso, falamos de antropodescentrismo como de uma progressão que constrói os predicados humanos contaminando-se sempre mais com o mundo e tornando o mundo partícipe do próprio projeto”.

Com a perspectiva zooantropológica e pós-humanista, declina a concepção do animal “bom de comer”, própria das filosofias e práticas mais antropocêntricas, que veem nas outras espécies só recursos e instrumentos para a espécie humana. Mas também do animal só “bom de pensar”, de grande parte da excelente pesquisa antropológica e histórica que analisa a esfera das outras espécies nas suas expressões e funções simbólicas, tecnológicas, estéticas, sagradas, culturais, como espelho fiel ou deformador – em todo caso – do humano. E acrescenta-se, pelo contrário, o animal “bom de ser” àquilo que nós mesmos somos na complexidade e na extrema variedade da natureza.

FonteUNISINOS

via ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais.

Galápagos pode estar ameaçada por um desastre Ecológico

Galápagos pode estar ameaçada

Segundo o site da BBC Brasil, a ilha de Galápagos, que fica situada no Equador, tem 10 anos para ser salvo de um desastre ecológico. A região que quadruplicou as visitas em 20 anos precisou passar ao longo dos anos por uma estruturação para poder receber os turistas, a construção de hotéis e a demanda na importação de suprimentos  ajudou a trazer um aumento categórico de animais invasores nesse ecossistema.

O único aeroporto que existe no arquipélago, o aeroporto da Ilha de Baltra, duplicou o número de vôos considerando oito anos atrás. Todas as viagens demandam que as aeronaves sejam pulverizadas com inseticidas antes de aterrissar, porém, sempre existem alguns insetos que sobrevivem e muitos desses atacam animais que vivem naquela região e também servem como vetores de doenças até então desconhecidas lá. Isso traz um grande desequilíbrio para a região que é conhecida pela sua biodiversidade elevada e por ser um habitat de uma fauna peculiar o qual encontramos muitas espécies endêmicas, como as tartarugas das Galápagos.

O governo do Equador, que administra a ilha de Galápagos, desenvolveu um plano para conter o problema, mas isso não foi aprovado pela UNESCO, em 2007, que classificou Galápagos como um patrimônio mundial em perigo. Com isso as autoridades estão tomando medidas mais severas para conter o problema das espécies invasoras que são consideradas a principal ameaça à ilha. Já foram tomadas algumas atitudes para contornar o problema, porém ainda a muito que ser feito a fim de evitar que a ilha de Galápagos não perca toda a beleza que lhe é peculiar. É válido ainda ressaltar a importância econômica da ilha, uma vez que ela representa uma grande fonte de renda para o Equador e aqueles que lá habitam esperamos que dessa forma medidas drásticas possam ser tomadas a tempo a fim de evitar que o desastre ecológico venha a ocorrer.

via © Bichos Brasil

Festival de filmes no Canadá debate meio ambiente e direitos animais

Como codiretora da edição deste ano do Animal Voices Film Festival, Michelle Hunsicker espera abrir os olhos dos estudantes.

“Nada do que fazemos está isolado. Seja em relação à decisão do que comer ou do que vestir, tudo afeta algo. Precisamos ser consumidores mais conscientes.”

Patrocinado pela “Speak Out For Species” (“Manifeste-se pelas Espécies”), o festival anual, que acontece no Canadá, é uma exibição de documentários sobre direitos animais.

Neste ano, a Speak Out For Species (SOS) apresentará vídeos sobre temas diversos, a exemplo deChimpanzeesLords of NatureThe CoveFowl PlayDealing Dogs.

O filme Lords of Nature é sobre a extinção a curto prazo e o reaparecimento dos predadores naturais da América, como os lobos e os pumas.

The Cove é sobre a caça de golfinhos no Japão e a luta para acabar com essa prática.

Fowl Play investiga os bastidores de algumas das maiores indústrias de ovos, enquanto Dealing Dogsconta a história de C. C. Baird, um comerciante de cachorros.

“O festival exibe alguns dos mais importantes problemas ambientais enfrentados pela sociedade”, de acordo com Sheena Zhang, presidente da “Students for Environmental Action” (Estudantes pela Ação Ambiental”), que também patrocina o festival.

Para os interessados, a SOS fornecerá panfletos informativos em todas as exibições, além de ter um especialista que irá comentar os assuntos abordados com mais profundidade.

“Se você quiser saber a verdade, venha ver os filmes, pois eles não são fictícios”, disse Michelle. “São assuntos importantes, mesmo que sejam perturbadores”.

Reagan Bush, presidente de outro grupo patrocinador do festival, disse que assistiu a um dos vídeos e em seguida sentiu-se motivado a doar dinheiro para a organização envolvida no documentário e a falar mais alto pelos animais.

Fonte: Animal Concerns