VEGETARIANISMO&ECOLOGIA

Razões Ambientais para o Vegetarianismo

O vegetarianismo não é apenas uma solução para os problemas éticos associados à produção de carne. É também uma forma de resolver graves problemas ambientais que existem em todo o Mundo, incluindo Portugal.

Em primeiro lugar, e de especial interesse para os defensores dos direitos dos animais, está a diminuição da biodiversidade (1). Esta decorre de uma degradação e destruição de habitats naturais, para a produção animal que consome cerca de 70% da superfície agrícola mundial e um terço da superfície da Terra (2). O aumento gradual do consumo de carne tem levado nos últimos anos à progressiva destruição de habitats únicos como a floresta amazónica, com mais de 20 milhões de hectares destruídos para a criação de terrenos de pastoreio desde 1970 (1).
A destruição da vegetação para a criação de terrenos para pastoreio provoca um segundo problema gravíssimo (2). Desprotegidos, os terrenos são facilmente degradados com o aumento da erosão, estando entre 700 milhões e 3 biliões de hectares em todo o Mundo em risco de se perderem (1). Quando um solo já não serve para o pastoreio, novos habitats naturais são destruídos para continuar a produção de carne (2). A produção animal é apontada como a principal causa para a desertificação (3). Num terreno onde é produzido 1 kg de carne, podem ser produzidos 30 kg de cenouras mais 20 kg de maçãs mais 50 kg de tomates e mais 40 kg de batatas (2).

Outro grave problema associado à produção animal é a destruição de recursos hídricos, seja pelo elevado consumo de água (provocando seca), seja pela poluição que é lançada aos rios. Para produzir um quilo de produtos vegetais são necessários cerca de 100 litros de água mas para produzir um quilo de carne é necessário gastar entre 2000 e 15000 litros de água potável (2). Por outro lado, o estrume e urina lançados nos rios provocam a contaminação dos lençóis de água tanto por amónia que é altamente tóxica para os peixes como pelo nitrogénio e fósforo que provocam “booms” (grande e repentino aumento da população) de algas que levam à destruição total dos ecossistemas aí existentes (3). Em Portugal as suiniculturas, com uma criação nacional anual superior a 2 milhões de porcos, são o principal problema de poluição fluvial (4).

Por fim, tendo em conta todo o processo de produção animal, pode dizer-se que esta actividade provoca um efeito no aumento do aquecimento global ao mesmo nível que a poluição automóvel ou industrial (2). Por exemplo, anualmente a criação de animais é responsável pela libertação de 15 milhões de toneladas de metano, sendo que este gás contribui 25 vezes mais para o efeito de estufa do que o dióxido de carbono (2). O aumento previsto de cerca de 2ºC para os próximos anos afecta, não só a vida humana como também a dos animais, provocando a desregulação entre vários ciclos de vida de animais e plantas (1).

Pela abordagem ambiental a dieta vegetariana gasta muito menos recursos (área arável e água), polui muito menos e conserva melhor os ecossistemas terrestres e aquáticos onde habitam animais e plantas.

É mais um óptima razão para deixarmos de comer seres sencientes e optarmos pelo vegetarianismo.

Hugo Evangelista
(Associação Vegetariana Portuguesa 2005)

Referências:

1. “Livestock & the environment: Finding a balance”, FAO (Organização de Alimento e Agricultura das Nações Unidas), 1997.
2. “The Ecological and Economical Consequences of a Meat Orientated Diet”, União Suiça para o Vegetarianismo, 2003.
3. Vegan Outreach, www.veganoutreach.org.
4. “Quercus quer revolução na agro-pecuária e na actuação do Governo nos aspectos ambientais deste sector”, Quercus, 2004.

Curiosidade:

Só no Reino Unido, com uma população de cerca de 58 milhões de pessoas e, felizmente, já com um número significativo de vegetarianos, são torturados e mortos por ano 2,3 milhões de bovinos, 18 milhões de ovinos, 14,2 milhões de suínos, 723 milhões de galináceos (12,5 vezes a população do Reino Unido) , 39 milhões de perus e 13 milhões de patos, entre outros mamíferos e aves (os quais são, de acordo com a biologia moderna, tão sensíveis à dor como um ser humano)

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